Lançada como parte do projeto Ao Vivo em Brasília, a canção “Desapaixona Eu” marca mais um capítulo intenso na trajetória de Clayton & Romário. Desta vez, ao lado do cantor cearense Nattan, a dupla mergulha fundo na sofrência para entregar um dos refrões mais dolorosos e sinceros do sertanejo atual.
A composição, assinada por Diego Barão, Renno e Dan Ferrera, parte de uma ideia poderosa: o desejo de deixar de amar alguém que já seguiu em frente. Mas, diferente das canções que suplicam por uma reconciliação, aqui o protagonista implora justamente o contrário. Ele quer uma prova definitiva de que não há mais esperança, mesmo que essa confirmação venha em forma de dor.
É uma inversão corajosa: não se trata de tentar reconquistar, mas de pedir que o outro destrua de vez qualquer ilusão. O eu lírico está tão preso à lembrança do amor que precisa ser libertado, e aceita que a única saída pode ser um choque de realidade.
Musicalmente, “Desapaixona Eu” traz todos os elementos de um bom sertanejo universitário: violões bem marcados, batida cadenciada, refrão cantado em coro e a carga emocional elevada que convida o público a cantar com o peito aberto. A produção ao vivo realça ainda mais a entrega vocal dos artistas e a conexão com o público, um ingrediente essencial nesse estilo.
A participação de Nattan adiciona ainda mais drama à faixa. Conhecido pelo seu timbre rasgado e expressividade marcante, ele reforça a carga sentimental e amplia o alcance da música, misturando os universos do sertanejo com nuances do forró moderno. A dobradinha com Clayton & Romário funciona com naturalidade, como se os três compartilhassem uma dor em comum.
O maior mérito da canção está em sua honestidade. Ao contrário de músicas que escondem o sofrimento por trás de orgulho, “Desapaixona Eu” escancara a fragilidade de quem foi deixado para trás e não sabe como seguir. O pedido é quase desesperado, mas cheio de humanidade.
